Moda sem estação: uma tendência que veio para ficar?

moda sem estação

2020 foi o ano que “fez a moda tremer”. Com o surgimento da pandemia, as lojas físicas foram obrigadas a fechar portas, as fashion weeks foram canceladas e muitos postos de trabalho na indústria da moda foram eliminados. 

Os consumidores estavam confinados nas suas casas, vestidos de conforto e praticidade. Por consequência, a grande parte dos comerciantes viram-se forçados a reter coleções inteiras de primavera/verão devido ao encerramento das lojas. Foi nessa altura que, até as grandes marcas de luxo, se questionaram acerca da forma mais correta de desenvolver os seus negócios.

Foi também no pico da pandemia que Alessandro Michele, diretor criativo da Gucci, anunciou algumas alterações que provocaram mudanças de pensamento e conduta na indústria da moda. 

Além de comunicar que a marca iria abandonar “os desgastados rituais das sazonalidades e desfiles”, o diretor criativo anunciou, ainda, que a marca passaria a apresentar desfiles apenas duas vezes por ano. Esta viragem teve por base o repensar das práticas de consumo excessivo da sociedade que, por sua vez, conduzem ao poderoso impacto ambiental que é causado pela indústria têxtil - a segunda mais poluente do mundo. 

Perante este posicionamento de um dos grandes da moda de luxo, foram muitas as marcas que decidiram, também, repensar e modificar algumas das suas práticas. A Michael Kors e a Saint Laurent acompanharam esta mudança.

A pandemia acabou por acelerar o desejo dos consumidores em aderir a esta moda sem estação, aumentando a necessidade da indústria adotar processos de desenvolvimento de produtos e estratégias de merchandising mais ágeis.

As marcas que repensaram as suas estratégias rumo à moda sem estação viram os seus números a subir, foram capazes de criar uma base de consumidores mais forte e fidelizada e alcançaram maiores margens.

Moda sem estação: o conceito

Seguindo o ciclo da moda convencional, fomos habituados a ver os lançamentos de novos produtos centrados nas estações do ano: moda primavera/verão e moda outono/inverno.

Contrariando este hábito, a moda sem estação - também conhecida como seasonless fashion - está assente numa estratégia muito simples e diferenciada: em vez de oferecer aos consumidores o que estes esperam ver em determinadas épocas do ano, as marcas passam a apresentar uma variedade de produtos e tendências em constante evolução durante todo o ano.

Esta nova forma de trabalhar e encarar a moda quebra algumas das regras a que o consumidor está habituado. Através da seasonless fashion, torna-se mais comum utilizar branco no inverno e caxemira na primavera.

A maioria das roupas pode ser usada em diferentes estações e estilizadas de maneiras versáteis. Projetar a moda sem estação significa projetar roupas de alta qualidade assentes na durabilidade, longevidade, funcionalidade e versatilidade.

Outro grande benefício da moda sem estação passa por permitir que as fábricas possam ter uma produção consistente e que os trabalhadores tenham ritmos de trabalhos mais calmos - fora da “montanha russa” que é a preparação de uma nova coleção a cada estação. 

Qual tem sido a resposta da indústria até agora?

Perante esta mudança de paradigma, os estilistas estão cada vez mais focados em colocar peças mais intemporais nas passerelles e que permitem dar uma maior longevidade aos guarda-roupas dos consumidores.

As coleções têm vindo a tornar-se cada vez mais minimalistas, trocando os estampados e peças tendência por cores e texturas que podem ser utilizadas em todas as estações, rumo a uma moda mais intemporal. Esta mudança também representa uma oportunidade única para os designers, uma vez que as suas criações podem ser mais livres e com menos restrições.

estilista a desenhar

Libby Page, editora sénior do mercado de moda da Net-a-Porter, em entrevista à revista Harper’s Bazaar refere que “tem havido uma abordagem mais sazonal da moda, pois vemos peças como botas, que tradicionalmente seriam usadas apenas no inverno, combinadas com vestidos midi no verão. Gabardinas também são colocadas sobre blusas mais grossas e sob coletes no inverno, fazendo com que um item tradicionalmente primaveril funcione o ano todo”.

A verdade é que, nos últimos anos, e com a consciencialização do consumidor sobre o impacto da indústria da moda no meio ambiente e nos seus trabalhadores, começamos a ver uma mudança em direção à moda sem estação que tem vindo a tornar-se cada vez mais popular. 

Embora para muitos consumidores ainda faça sentido comprar peças novas sempre que possam, para outros, a prioridade passa por considerar o verdadeiro valor das suas roupas. 

Os consumidores que têm feito parte do movimento seasonless fashion estão a ajustar as suas prioridades. Procuram, agora, construir um guarda-roupa mais versátil, evitando comprar peças de roupa que apenas possam ser usadas perante um determinado clima.

A superprodução na indústria têxtil

O meio ambiente é, sem dúvida, um dos maiores impulsionadores da moda sem estação. Afinal, a indústria têxtil gera centenas de toneladas de lixo todos os anos, seja através dos processos produtivos das roupas ou pelo descarte das peças.

Há muito tempo que a indústria da moda tem vindo a trabalhar num ritmo de superprodução. Com novas coleções a serem lançadas constantemente e desfiles que marcam a entrada da nova estação, vemo-nos vítimas - e somos parte - de um consumo desenfreado e nada responsável

Além do grande número de micro-estações lançadas, por ano, pelas marcas fast fashion, atualmente também nos deparamos com a existência de marcas ultra fast fashion que se focam no lançamento diário de novas peças. Este aumento da frequência de novidades é outra forma da indústria criar a sensação de urgência nos consumidores que, por sua vez, conduz ao consumo excessivo. 

A isto, somam-se, ainda, todas as implicações éticas inerentes. Mão de obra mal remunerada, trabalho infantil e/ou escravo, desigualdades sociais e ausência de transparência com o consumidor são alguns dos pontos fracos que caracterizam o fast fashion.

A viragem de cada nova estação traz novas coleções e tendências, criando uma necessidade no consumidor em comprar o que a indústria oferece. É essa “expectativa de novidade” e a envolvente pressão social no que diz respeito ao uso constante de roupas novas, que está a prejudicar o meio ambiente, os trabalhadores que fabricam as roupas que vestimos… e as nossas carteiras!

Com base nisso, a expansão da moda sem estação tem sido uma alavanca para desacelerar este ritmo alucinante de super-produção, super-consumo e super-desperdício.

Como aderir à moda sem estação?

A seasonless fashion traz uma oportunidade única para abraçarmos os estilos e as peças que realmente queremos usar. Um estilo movido pela praticidade e individualismo, que elimina a necessidade de aderir às tendências que estão em voga.

Numa fase inicial, é necessário perceber quais os principais elementos que compõem o seu estilo de vida. Pensar em cores e tecidos que estejam em concordância com o gosto pessoal, a personalidade e com a mensagem a passar.

Devem ser eliminadas tendências passageiras e investir em peças versáteis, de qualidade e que possam facilmente ser transitáveis entre os estilos casual e formal. É essencial que cada peça seja escolhida de forma consciente e que, acima de tudo, faça sentido enquanto opção de moda intemporal.

Além disso, é importante que as peças escolhidas possam conjugar-se mutuamente e de várias formas. Desta forma, o guarda-roupa torna-se mais versátil e adequado a várias estações do ano. 

peças de roupa b simple

(Todos os artigos estão disponíveis no site da B.Simple)

Fazer escolhas assentes nas premissas da moda sem estação é uma forma sustentável de investir num guarda-roupa versátil, capaz de durar muitas estações. Além disso: 

  • Dá a liberdade de quebrar as regras e, simplesmente, desenvolver o seu próprio estilo individual;
  • Permite apoiar o compromisso da indústria da moda na construção de um futuro mais verde, desperdiçando menos e escolhendo qualidade em vez de quantidade;
  • Possibilita um guarda-roupa versátil constituído por peças fáceis de utilizar/combinar, e que são adequadas tanto para os dias de trabalho como para umas descansadas férias; 
  • Elimina a pressão de estar constantemente a atualizar o seu guarda-roupa.

Assim, apostar em marcas slow fashion que utilizam matérias primas naturais - ao mesmo tempo que valorizam e respeitam o meio ambiente e os seus trabalhadores - é um bom ponto de partida! 

A alternativa sustentável slow fashion prioriza o investimento em peças de roupa de qualidade superior, que são estrategicamente projetadas para um guarda-roupa versátil, prático e funcional. 

365: A Seasonless Collection da B.Simple

A pensar na versatilidade e praticidade daquilo que vestimos, a B.Simple criou uma coleção inteiramente composta por peças intemporais que podem ser utilizadas 365 dias por ano. 

Baseada na linha de pensamento da moda sem estação, na “365 - Seasonless Collection” encontra uma variada gama de opções que podem ser utilizadas em qualquer estação, e que lhe permitem manter um estilo sempre atual. 

Nas estações mais frias, por exemplo, as peças que compõem a coleção podem ser utilizadas em outfits por camadas e, facilmente, combinadas com outras peças de roupa que já fazem parte da sua vida!

Com cores facilmente combináveis, as peças da Seasonless Collection são essenciais, básicas, fáceis, e que garantem o seu bem-estar: um verdadeiro must-have no guarda roupa de qualquer mulher!


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